sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Melhor ouvir isso do que ser surdo.


Por que será que gente se contenta com tão pouco? A gente se contenta com amizade virtual só para dizer que tem amigo; a gente se contenta com empregos ruins só para ter um emprego; se contenta com relacionamentos tristes apenas para ter um relacionamento. Inventamos estórias, inventamos pessoas apenas para tê-las. Aceitamos viver na linha abaixo da mediocridade porque é melhor um pouco do que nada. Acho que não toleramos o vazio. Não abrimos espaço para a falta, para o não saber, não ter a resposta. Aí qualquer coisa mais ou menos serve, contanto que se tenha a ilusão de ter. Melhor uma vida de ilusão do que o tédio real e massacrante, né? Quantos recursos disponíveis estão por aí para ajudar a conter o desespero. Conheço um remédio amargo que funciona bem em casos assim: abandonar o orgulho. Já aprendi que apenas os orgulhosos se desesperam. Porém, cuidado ao usar - ele tem um efeito colateral devastador: destrói ilusões e traz realidade demais para sua vida. O uso prolongado pode até provocar no usuário uma estranha sensação de preenchimento. Outro efeito comum é que ao tolerar o vazio e não se desesperar, o usuário começar a ser muito exigente com aquilo que traz para a sua vida. Isso pode torná-lo um ser insuportável para aqueles que defendem a mediocridade como estilo de vida. Tudo bem. Aceite-os, seja compassivo, adote uma atitude amorosa, ou, simplesmente, siga em frente. Cantando e andando pra eles.

3 comentários:

  1. Acho que no fundo esse desespero tem a ver com todas as gerações que vieram antes de nós, que já nasciam cmo papéis prontos para serem interpretados..era só seguir o script...minha mãe aprendeu que deveria ter um bom marido, ser boa dona de casa e meu pai aprendeu que tinha que ser um bom provedor, os tempos mudaram...então além de boas donas de casa, temos que ser boas amantes,mães, ótimas profissionais,seguras, independentes, andar belas, malhadas e ainda tentar ser tudo isso em 24 horas...eu li uma pesquisa que foi realizada com várias mulheres bem sucedidas em todas essas áreas, perguntando do nível de satisfação...e pasme! Era bem menor que de nossas avós..com isso tudo tb me questiono para onde estamos indo e o que queremos afinal???? ótimo texto....bjo grande.

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