segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Envelhecer-se


Ouvi alguém dizer que havia completado cinquenta anos e que estava feliz por envelhecer. Perguntei o que tornava esse um momento feliz. A resposta foi simples: viveu mais que muitos amigos dele. Insisti mais um pouco para saber se tinha mais alguma razão que justificasse tamanha felicidade. Ele diz que está com saúde, tem trabalho e viveu mais que alguns amigos. Ficou claro para mim que o importante é ele estar bem. Também acho que isso é importante. Mas, e o resto do mundo? E as suas relações? Fui tomada por um desconfortável vazio. Definitivamente, esses não seriam meus critérios para definir um feliz envelhecer. Claro que é bom ter saúde, trabalho e uma vida longa. Mas, para que serve tudo isso se eu não tiver cuidado das minhas relações? O cuidar não apenas de si, mas também do outro e do nós. Acredito que a busca pelo tal "envelhecer feliz" deve incluir a busca pela integração das dimensões física, mental, espiritual e tantas outras mais que se considere importante para alcançar uma certa harmonia no viver. Não me imagino velha e feliz só porque tenho saúde, trabalho e sobrevivi mais que alguns. Deve ser bom também envelhecer acompanhada por alguns. Cuidando e sentindo-se cuidado por si e pelo outro. Deve ser bom dormir sem angústia pela culpa, ter a alma plena de gratidão pelo amor dado e recebido, ter alguém que segure sua mão na dor, que ria com você e de você, alguém que te faça bem. De que adianta ter saúde, trabalho e viver muito se você é um colecionador de desafetos, se não consegue ser grato pelo tempo que o outro dedicou a você, se não consegue perdoar, se não vê a beleza que é a vida de uma outra pessoa, esse outro ser, outro mundo, um outro universo? Quero envelhecer assim: tendo relações onde eu possa viver o meu melhor e o outro também. O resto vem como bônus. 
Aho Mitakuye Oyasin! Todas as minhas relações, eu honro vocês que hoje estão aqui comigo neste círculo da vida. (trecho de uma prece Lakota).

domingo, 5 de setembro de 2010

Perdas

Perder a mim mesma foi tão devastador que eu não podia, ainda, chorar a perda do teu amor.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Felicidade

 ‎"Sou feliz só por preguiça. A infelicidade dá uma trabalheira pior que doença: é preciso entrar e sair dela, afastar os que nos querem consolar, aceitar pêsames por uma porção da alma que nem chegou a falecer." (Mia Couto)

domingo, 27 de junho de 2010

Agoraísmo

Li um texto de Jacqueline Sobral sobre a necessidade contemporânea de rapidez e velocidade nos serviços. Um novo termo foi inventado para definir essa pressa: nowism . Numa tradução literal é algo como "agoraísmo". É um texto voltado para as questões do mundo corporativo e o objetivo da autora era fazer uma crítica às empresas que vão na contramão do atual nowism.  
Pelo viés da minha profissão, a leitura acabou inspirando algumas reflexões sobre a pressa nas relações humanas hoje. A lógica do "agoraísmo"  determina que, se tudo passa rápido, então é preciso valorizar as experiências do presente, "viver o momento". É o "aqui e agora" vivido segundo a lógica do consumo: "se a sensação é boa, o consumo é imediato". Qual o resultado desse imediatismo nas relações? Uma das coisas que me ocorreu é a produção da necessidade de uma resposta rápida a uma demanda individual. Se o outro demora demais a dar respostas é cobrado ou imediatamente descartado. O tempo do outro não importa, as necessidades do outro não interessam. "Quero tudo ao mesmo tempo agora". Num mundo caótico onde as regras sociais para uma boa convivência são confusas, fica difícil saber quem está desrespeitando quem. 
Todos têm pressa. Quem quer ter que esperar muito pela resposta ao torpedo, ao e-mail, ao recado deixado na secretária eletrônica? Havia um tempo em que não existiam carros. Havia um tempo em que aviões não cruzavam os céus. Havia um tempo em que não existia telefone, televisão e micro-ondas. Havia um tempo em que se esperava dias e dias pela resposta à carta de amor enviada. Talvez, tenha havido um tempo em que um chá de camomila era o suficiente para aplacar a ansiedade. Hoje, nem Rivotril dá conta. Tristes dias. 

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago

Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Naquele aquário em Pequim a maior atração era o tubarão que se montava de golfinho.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O último dia de Borges


Borges já tem oitenta e seis anos e não enxerga há tempos. Seus olhos agora são os cheiros e os sons que roçam sua pele, produzindo sensações e evocando lembranças guardadas nos escaninhos da memória. Todos os dias vai até a janela da sala e sente a vida que acontece na rua. O vento é o mensageiro que reproduz o movimento lá de fora nos pelos de seu corpo. Hoje, o vento não trouxe a vida até o velho poeta. A morte chegou antes oferecendo mais que cheiros e sons. Ela o levou com a promessa de dar a ele o horizonte, não apenas uma janela.

domingo, 30 de maio de 2010

Jade


Eu o conheci numa viagem que fiz a Salvador. Foi num desses feriados que de tão longo parecem férias. Era a minha segunda vez na Bahia. A primeira foi há muito tempo atrás. Nem quero lembrar quando foi. Estou em processo de reabilitação da minha compulsão de viver do passado.

Pois bem, andava eu distraída nas ruas de paralelepípedos encharcados de urina, suor, cerveja e dendê. Eu me perguntava onde estaria o tal cheiro de cravo e canela. Isso deve ser coisa que só poetas e escritores chapados sentem. Meus olhos contemplavam a arquitetura local quando surgiu à minha frente aquilo que, sem dúvida, deveria ser a maior atração turística do local: um homem negro, cabeça raspada, alto, braços fortes, um impávido colosso. Finalmente, encontrei um jeito de usar isso. E o sorriso? Salve simpatia! E ele ali sorrindo, provavelmente reconhecendo aquela expressão que estava estampada no meu rosto. Já devia estar acostumado com isso. Tive vontade de sair correndo, mas sustentei o olhar e sorri também. Pensa rápido, pensa rápido. Fala com ele. Encontra uma desculpa qualquer para justificar o approach.

- Boa tarde! - Falei sem saber o que diria depois.

- Boa! – Boa? Isso era uma resposta ou um adjetivo pra mim? Não viaja. Fala logo.

- Olha, eu estou doida para dar pra você. Você poderia acolher o que estou sentindo e me levar para algum lugar qualquer onde a gente possa transar pelo resto da vida? – isso era o que eu queria ter dito. Mas, mantive a pose de moça-classe-média-do-rio-janeiro. No lugar disso, grunhi umas palavras: - Onde posso comer por aqui? - Comer?! Agora ele já sabe o que eu estou mesmo querendo com ele.

- Depende do que você quer comer. - O desgraçado sabia.

- Bem, quero experimentar algo típico daqui. – Agora abri a porteira mesmo. Vou em frente. – Você me acompanharia? – Disse isso e me senti ridícula e atirada.

- Olhe, eu já almocei. Mas, se me disser onde está hospedada, posso te levar para jantar. O que acha? – Ele disse isso mesmo ou estou alucinando?

- Como?! – Acho que eu falei isso com um ar de tonta.

- Jantar. Quer jantar comigo? - O tal sorriso escancarado estava ali para provar que era verdade.

Não pensei duas vezes e já fui passando meu nome, endereço, o celular e tudo que podia garantir que ele me acharia. Nós nos despedimos e eu saí flanando pelas ruas da cidade.

À noite, eu me preparava para o que parecia ser a noite mais excitante da minha vida quando o telefone do quarto tocou.

- Senhora, o senhor Jade a aguarda na recepção. – Jade?! Que diabo de nome é esse para um homem?

- Já estou descendo. – Respondi isso ainda surpresa. Afinal, Jade não é feminino? Que pais são esses que escolhem um nome assim para o filho?

Desci e lá estava ele vestido de linho branco. O contraste do branco com sua pele era divino e seu sorriso mostrava os dentes incríveis. Aquele era, sem sombra de dúvida, um conjunto harmonioso.

- Olá! – Disse isso tentando parecer descontraída. – Ele veio e me beijou delicadamente a bochecha.

- Vou te levar para o lugar mais quente aqui de Salvador.

E existe lugar mais quente do que esse aqui e agora? Pensei e sorri para ele. E quando me dei conta, já estava lá livre e louca, dançando num barracão cheio de gente alegre, com aquele homem lindo. Dançando, suando, beijando e logo implorando para ele me levar pra outro lugar. Acabamos na casa dele. Só lembro que era azul e que um homem nos cumprimentou na calçada. Ali na sua cama ele me ensinou como se faz para ser feliz com um homem daquele. Ele era grande e doce. Cheirava a cravo e canela. Meu Deus! Estou chapada também! No final de tudo, beijou-me de um jeito tão delicado que naquele momento eu aceitaria bem a morte e descansaria em paz. Olhou pra mim e sorriu. Ele tinha os olhos verdes. Lindos olhos cor de jade. Retribui o sorriso e sussurrei feliz porque tudo ali era perfeito.

- Jade... Jade. Que nome lindo você tem.

sábado, 29 de maio de 2010

Caio Fernando Abreu

Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Quando o pai do pai do meu pai



Texto de Gilberto Reis

Quando o Pai do Pai do Pai do meu Pai tinha uma tarefa difícil a cumprir, dirigia-se a um certo lugar na floresta, fazia uma fogueira e lançava-se numa oração silenciosa.
Quando mais tarde o Pai do Pai do meu Pai se encontrou perante a mesma tarefa, dirigiu-se ao mesmo lugar da floresta e disse: já não sabemos fazer uma fogueira, mas ainda sabemos rezar.
Mais tarde o Pai do meu Pai viu-se perante a mesma tarefa. Foi ele também à floresta e disse:já não sabemos fazer fogueiras, já não conhecemos os mistérios da oração, mas sabemos em que ponto da floresta é que isso se passou.
Quando a vez do meu Pai chegou, disse:
já não sei fazer a fogueira, nem orar, nem o lugar na floresta,
mas sei contar a história e isso deve bastar.
E bastou.
Quando me vi perante a mesma tarefa já não sabia contar a história.

sábado, 24 de abril de 2010

A gota que falava transbordou no copo que calava.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Já passou, meu bem.


O parque bem aqui ao lado me faz lembrar que preciso escolher alguém sobre quem escreverei algo. Olho pela janela do carro, mas não vejo ninguém. A chuva assustou as pessoas. No rádio, a voz de Paul Weller acompanha o meu olhar. Adoro Paul Weller. Sei que você está ali num daqueles prédios de apartamentos se preparando para sair. Conheço essa tua rotina. Mudo de idéia e decido ir embora, mas é tarde, você já está parado lá. Vejo você, mas você não pode me ver. Adoro películas de proteção. Agora você está aí sozinho, parado na esquina molhada. Conheço essa esquina. Lembra, foi nela que um dia a gente jurou que também era para sempre. O que a insensatez uniu o homem não separe. Aí também você disse para eu ir embora e depois segurou minha mão. Fica. Não falava a sério. E agora você está aí sozinho, molhado na esquina parada.

Então é isso, é sobre nós que vou escrever? You do something to me rolando no rádio. Odeio Paul Weller. Nosso amor começou clandestino. A princípio, nos escondíamos do mundo; depois de nós mesmos. Dois clandestinos naquele teu escritório branco. Odeio paredes brancas. Lá tudo era sem graça, menos você. Ah, você... Você era do tipo que abria a porta do carro. Quando ganhamos o “Green card”, eu fui até a tua casa. Entrei pela porta da frente naquela sala bege. Odeio paredes beges. Lá tudo era sem graça, inclusive você. Abria a porta do carro, mas não a do coração. Pisando no chão de pedra do teu quarto senti frio. Quis ir embora, mas nem sei por que fiquei. Na realidade, nunca soube a razão desse amor. Quando eu estava sozinha, sentia saudade de você. Quando estava com você sentia saudade de mim. Soa patético. E é. Assim como aqueles teus docksides tão anos 80.

Vejo você atravessando a rua. Eu aqui parada. O tempo passando pela gente nesta esquina parada. A vida parada por um momento. Os teus cabelos agora são brancos, eu já não sinto mais saudades e o Tom Waits rolando no rádio me faz lembrar que já passou, meu bem. Adoro Tom Waits.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Dorotéia de um homem só

Dorotéia sempre foi moça de família, dessas pra casar mesmo. Nasceu na classe média e foi bem educada em escolas católicas. Do pai, um militar de carreira, adquiriu a maneira disciplinada com que orientava sua vida e a rigidez com que julgava suas próprias ações. Da mãe, filha de um comerciante rico, herdou uma insatisfação crônica, o que lhe fazia querer sempre estar em outro lugar que não aquele que ocupava no momento. O primeiro homem de Dorotéia foi aquele que se tornaria seu marido. Era praticamente virgem quando casou. E casou cedo, apaixonada pelo amor de sua vida. Abro aqui um parêntese. Deveria existir uma lei que proibisse as pessoas de se casarem antes dos trinta anos. Fecha parêntese. No início, Dorotéia sentia-se amada pelo marido e muito segura no casamento. Era tratada como uma jóia rara e paparicada por ele como nunca havia sido. Vieram então os filhos e também as traições do marido. Dorotéia, no entanto, mantinha-se fiel e apaixonada. Não entendia porque o marido traía. Afinal, era uma mulher fogosa, sabia extrair prazer de seu corpo e dar prazer ao marido. Mas, toda essa intensidade era vivida dentro do casamento, apenas com o marido, descrito por ela como um grande amante. Muitas vezes fingiu não saber que as traições aconteciam e recolhia-se num silêncio ressentido. Era invejada pelas amigas e sempre citada como exemplo de esposa, mãe e profissional bem sucedida. Não era cega para a beleza dos outros homens, mas tudo se resumia a olhares contemplativos e fantasias guardadas em segredo. “Fantasias são boas porque são apenas fantasias”, costumava dizer. Mas, foram tantas as traições do marido, que ela um dia cansou e o mandou embora. Não foi uma decisão fácil. Afinal, era abrir mão da segurança que a dependência amorosa exclusiva proporcionava. Dorotéia viveu um longo luto. Frequentava o consultório do analista uma vez por semana em busca de uma explicação que a ajudasse a compreender o que foi que deu errado no projeto. Não encontrando respostas para suas perguntas, decidiu que para esquecer o antigo amor iria amar novamente. Assim, envolveu-se com um homem mais velho, que ela acreditava ser maduro o suficiente para viver uma relação feliz. Não foi difícil se apaixonar por ele e logo se imaginar casada novamente. Mas, esse novo amor durou pouco. Dorotéia viu a realidade e não gostou. Preferiu ficar sozinha. De novo ela estava sozinha e ferida. Amargou um novo luto. Voltou a freqüentar o consultório do analista, agora duas vezes por semana buscando novas explicações para o que ela havia identificado como um padrão de comportamento. Chorou centenas de lágrimas novas por lembranças velhas, cobrou-se e lamentou o tempo desperdiçado, mexeu tanto nas feridas que um dia cansou e abandonou a análise, decidida a mudar. Cansou de ser boa moça e não ver recompensa nisso. Resolveu que não queria mais relações onde sentisse. Sentir para ela agora era sinônimo de aprisionamento. Daquele dia em diante só iria se envolver com homens que não quisessem sentir também. Queria a liberdade do sexo casual e intenso. E foi dessa maneira que passou a viver. Todo homem na rua agora era uma possibilidade de sexo, alguém para não sentir junto com ela por algumas horas. Nos bares que frequentava com os amigos, seus olhos eram radares atentos, buscando nas mesas um potencial não sentidor com o qual não iria se envolver, que a levaria para a cama e a faria feliz pela eternidade de uma noite, ou até mesmo duas, mas não mais que três. Passou a viver freneticamente seus dias. Virou uma caçadora, ou como se definia, uma pegadora. Houve uma época em que acordava às cinco da manhã para flertar com o gari que recolhia o lixo na sua rua. Ficava ali, debruçada na janela do quarto, acenando maliciosamente para ele, ignorando o cheiro de lixo podre que invadia a rua quando o caminhão passava. Dava gorjetas generosas para o lavador de carro e sorria encantadoramente para todos, sem exceção, pois como dizia para as amigas, não era só o proletariado que a interessava. Também se envolvia com empresários bem sucedidos, artistas e intelectuais, mas estes com certa moderação. Afinal, tinha uma tendência a se apaixonar por cérebros e aí o risco de sentir era maior. Dorotéia exercitava sua autonomia emocional ao máximo. Era enfim uma mulher sozinha e feliz. Desenvolvera uma nova visão do amor e do sexo e dizia que isso era libertador. Às vezes, sentia-se até libertina. Como no dia que olhou para uma amiga com certo entusiasmo e se deu conta de que nunca tinha comido uma mulher. Riu do próprio pensamento e gostou da idéia. Um belo dia acordou em casa e procurou na cama o homem que levara para casa afim de não sentir juntos e terem uma boa noite de sexo. Ele havia partido e, em seu lugar, deixara trezentos e cinqüenta reais sobre a cama. Dorotéia apanhou o dinheiro e levou um tempo para entender o que estava acontecendo. Foi então que compreendeu tudo. Deu uma estrondosa gargalhada, daquelas que são ouvidas por toda a vizinhança e pensou: virei puta!

terça-feira, 30 de março de 2010

Amor


Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa.
Muito leve, leve pousa.

Na simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Suave coisa nenhuma.

Sombra, silêncio ou espuma.
Nuvem azul
Que arrefece.

Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma.
Que em mim amadurece

Secos & Molhados

sexta-feira, 19 de março de 2010

Crua


Arrancou-lhe um pedaço da pele e sorriu, mas lembrou de deixar ali um beijo para sarar logo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Quero algo



Quero algo que me de-limite. Moço, vocês tem aí camisa de força sabor azul?

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Viver mata

Acordei hoje com as notícias sobre o terremoto no Chile. Foi um terremoto de proporções muito maiores que o do Haiti, mas não causou tanta destruição como aconteceu por lá. Será a engenharia do Chile melhor que a do Haiti? Acho que não. Parece que a pobreza destrói mais que os terremotos mesmo. Para completar o quadro de miséria humana, emissoras pelo mundo todo transmitindo ao vivo, como espetáculo, a chegada de tsunamis em vários lugares. Como se fosse entretenimento assistir pessoas desesperadas, ameaçadas por uma possível tragédia. Que mundo estranho esse.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tipos 4

Ele só almoçava com aquelas que não iria jantar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Rimbaud


Farto de ver. A visão que se reencontra em toda parte.
Farto de ter. O ruído das cidades, à noite, e ao sol, e sempre. Farto de saber. As paradas da vida. - Ó Ruídos e Visões! Partir para afetos e rumores novos.