segunda-feira, 31 de maio de 2010

O último dia de Borges


Borges já tem oitenta e seis anos e não enxerga há tempos. Seus olhos agora são os cheiros e os sons que roçam sua pele, produzindo sensações e evocando lembranças guardadas nos escaninhos da memória. Todos os dias vai até a janela da sala e sente a vida que acontece na rua. O vento é o mensageiro que reproduz o movimento lá de fora nos pelos de seu corpo. Hoje, o vento não trouxe a vida até o velho poeta. A morte chegou antes oferecendo mais que cheiros e sons. Ela o levou com a promessa de dar a ele o horizonte, não apenas uma janela.

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